Publicado em: 12 de abril de 2011 09h04min / Atualizado em: 21 de março de 2017 09h03min
Quatro mil quilômetros rodados, 15 palestras, muitas entrevistas e o nome da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) na Europa. Esse é o resumo do balanço da viagem do vice-reitor, Antônio Andrioli, para a Alemanha, em março, para falar sobre o assunto de suas pesquisas: a transgenia.
O nome do professor já estava nos cinemas quando ele chegou. No dia 10 foi lançado o documentário “Verdade Comprada: A transgenia no campo magnético do dinheiro” (tradução livre alemão-português), de Bertram Verhaag, no qual Andrioli é um dos personagens. O filme, que fica em cartaz até o fim de abril, em 32 cinemas alemães, trata dos estudos e da perseguição sofrida por cinco pesquisadores da transgenia. Além de Andrioli, foram personagens do documentário os pesquisadores Ignacio Chapela, mexicano; Árpád Pusztai, húngaro; Jeffrey Smith, norte-americano; e Andrew Kimbrell, também norte-americano.
As palestras, em 15 cidades diferentes, foram ministradas para públicos diversos. Agricultores, ativistas de movimentos ambientalistas e do consumidor, estudantes universitários, pesquisadores e representantes de governos participaram das discussões. As perguntas do público variaram de acordo com o interesse, segundo Andrioli: “já estava acostumado com os ativistas, que procuram saber mais as consequências para a saúde e para o meio ambiente do uso dos transgênicos. A participação intensa dos agricultores foi a novidade. Eles perguntaram bastante sobre questões socioeconômicas e custos de produção. Os estudantes fizeram perguntas mais técnicas a respeito dos transgênicos”.
Um ponto foi comum nos debates, no entanto. Segundo o professor, houve pouca defesa dos transgênicos. Na região Sul da Alemanha, conforme Andrioli, o povo costuma ser muito constestador, e, mesmo nesses locais não existiu uma defesa contundente. As discussões renderam artigos na imprensa e uma reportagem na emissora de televisão ARD, maior rede de televisão alemã, considerada de direito público (financiada pelo governo, mas de produção independente).
Durante as palestras, o vice-reitor também falou sobre a UFFS. “Apresentei a universidade, em pelo menos 15 minutos em todas as palestras, sobre a expectativa de construir uma universidade em que a pesquisa e a crítica seja independentes”. As falas podem render: conforme Andrioli, pesquisadores já assinalaram o interesse em montar comitivas para visitar a universidade. Além da área da qual é especialista, Andrioli abordou energias renováveis e educação na UFFS em suas palestras, gerando possíveis intercâmbios de conhecimento entre os dois países.
Sobre as pesquisas de Andrioli
Andrioli tornou-se referência no assunto transgenia depois de ter sido premiado na Alemanha como estudante estrangeiro do ano 2003 pelo DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico) pelo trabalho desenvolvido durante sua tese de doutorado que abordou a soja orgânica versus soja transgênica (Universidade de Osnabrück, Alemanha). O prêmio o levou a debater o assunto com o então chanceler alemão Gerhard Schröder em rede de televisão nacional e participar de eventos internacionais a respeito do tema.
Para tratar do assunto com o grande público, ele e Richard Fuchs organizaram o livro “Transgênicos: As sementes do Mal – A silenciosa contaminação de solos e alimentos”. O livro revela a história da morte de nove vacas tratadas com milho transgênico em uma pequena cidade da Alemanha, em 2002. O relato, os convites para palestras e a apresentação de um relatório sobre o assunto na Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, deram ainda mais prestígio ao pesquisador.
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