Macunaíma
Macunaíma
“Macunaíma é o manifesto modernista de Mario de Andrade. Para os leitores do século XXI é um manifesto pela diversidade, pela alegria e pela tolerância”.
Autor: Mário de Andrade
Organizadores: Miguel Sanches Neto e Silvana Oliveira
Apresentação
Macunaíma foi publicado em 1926, ainda sob forte influência do ideário modernista da primeira geração. Elementos fundamentais da militância modernista de Mário de Andrade estão presentes no livro: a busca pelo português brasileiro; a reflexão sobre a pluralidade da cultura nacional; os elementos antropofágicos na conformação da identidade nacional e a defesa permanente de uma literatura mais afeita ao espírito brasileiro, longe das influências de gabinetes europeus. Tudo isso sustenta o calibre revolucionário de Macunaíma e das múltiplas leituras que o livro suscita entre nós desde sempre.
Como os demais grandes livros do período, o que caracteriza Macunaíma (1928), definido por Mário de Andrade como uma rapsódia, é um desejo de sabotar conceitos, de frustrar expectativas de leitura, de criar ambiguidades. É, portanto, uma obra programada para fugir dos moldes tradicionais, funcionando como um manual das vanguardas do começo do século XX, num momento em que experimentalismo e nacionalismo se aproximaram. Ele faz também a sobreposição da ótica urbana para a ótica primitiva, numa reconstrução poética dos mitos nacionais. Nenhum livro do período é mais importante do que ele, tanto pela busca de caminhos ficcionais quanto pela desnegativação da nacionalidade.
No campo da filosofia da composição, Macunaíma é produto da vanguarda paulista, fazendo parte de um arsenal teórico-crítico levantado contra a literatura que tinha o passado como verdade imutável e reproduzível.
Sobre o autor
Mário Andrade
Mário de Andrade (1893-1945), um dos nomes de maior relevância para o Modernismo Brasileiro, compôs uma obra múltipla, desde os anos heroicos do movimento nascido com a Semana de Arte Moderna de 1922. Com a publicação dos poemas de Paulicéia Desvairada, o autor foi capaz de equalizar a potência da sua criação com as mudanças exigidas pela arte e pela cultura brasileira daquele momento.
Em 1942, Mário de Andrade, no famoso texto "Modernismo Brasileiro", aponta três princípios fundamentais, que teriam sido a preocupação e a herança do Modernismo: 1.º - o direito à pesquisa estética; 2.º - a atualização da inteligência artística brasileira; 3.º - a estabilização de uma consciência criadora nacional. Mário reconhece, então, não haver ineditismo em relação a outros movimentos artísticos anteriores, mas destaca o aspecto de articulação coletiva desses princípios, o que teria sido o verdadeiro mérito modernista. O autor marca o século XX com a sua produção poética, narrativa, teórica e crítica e se mantém como referência fundamental para se pensar não apenas o Modernismo Brasileiro, mas todo o processo de formação e consolidação de uma dicção própria para a literatura no Brasil.
Sobre os organizadores
Miguel Sanches Neto
Professor associado do Departamento de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa, tem Pós-Doutorado em Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade do Minho (Portugal), Doutor em Teoria e História Literária pela Unicamp e Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná. É autor, entre outros, dos romances Chove sobre minha infância, Um amor anarquista, A primeira mulher e Chá das cinco com o vampiro e das coletâneas de contos Hóspede secreto e Primeiros contos e dos volumes de Crônicas Herdando uma biblioteca e Impurezas amorosas. Também escreve para crianças (O rinoceronte ri, A cobra que não sabia cobrar, Amor de menino e A guerra do chiclete). Cronista do jornal Gazeta do Povo, recebeu o Prêmio Cruz e Sousa (2002) e o Binacional das Artes e da Cultura Brasil-Argentina (2005). Reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa na gestão 2018-2022.
Silvana Oliveira
Professora associada do Departamento de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa, tem Pós-Doutorado em Literatura Comparada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Doutorado em Teoria e História Literária pela Unicamp e Mestrado em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa na gestão 2017-2019.