À medida em que tenta retomar seu papel de destaque na preservação do meio ambiente, o Brasil irá sediar a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que ocorrerá em novembro do próximo ano em Belém/PA. Esta conferência será a mais emblemática desde a COP 21, realizada em 2015, na qual mais de 190 líderes mundiais assinaram o Acordo de Paris, que firmava o compromisso das nações signatárias com a redução da emissão de gases do efeito estufa e do aquecimento global. Também naquele ano, esses mesmos líderes se comprometeram com a Agenda 2030 e seus dezessete objetivos de desenvolvimento sustentável, que visam acabar com a pobreza em todas as suas formas, proteger o meio ambiente e o clima e garantir a paz e a prosperidade. Essa agenda estabelece que seus objetivos e metas sejam cumpridos até 2030. Contudo, é inegável que os cronogramas previstos nesses acordos não vêm sendo cumpridos como deveriam. É de amplo conhecimento que a temperatura média do planeta já excede as metas idealizadas. Ironicamente, às vésperas de se completar dez anos do Acordo de Paris, países signatários ainda estudam a perfuração de novos poços de petróleo e a exploração de gás natural (combustíveis fósseis). Nesse cenário, porém, o Brasil pode despontar como grande player da economia verde, aproveitando-se de suas potencialidades naturais, da expertise acumulada com fontes renováveis de energia e da sua biodiversidade. Para isso, é necessário o investimento massivo em C,T&I visando a redução de impactos ao meio ambiente e o desenvolvimento de estratégias que favoreçam a economia circular. Nesse contexto, é mister destacar que a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) iniciou suas atividades acadêmicas em março de 2010 já com forte vocação para assegurar a sustentabilidade ambiental, o que se registra no seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e em sua Política de Inovação. Vale também salientar que a instituição conta com três cursos de graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária (com ênfase em Energias Renováveis), quatro de Agronomia (com ênfase em Agroecologia), três de Ciências Biológicas e dois de Química. Ademais, o presente subprojeto reúne docentes de dois programas de pós-graduação da UFFS dentro da área de avaliação em Ciências Ambientais da CAPES (Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental – PPGCTA, e Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Tecnologias Sustentáveis – PPGATS). Os laboratórios da UFFS que integram este subprojeto dispõem de equipamentos analíticos que proporcionaram elevada e qualificada produção científica na área ambiental, em especial nos últimos sete a oito anos. Contudo, em sua maioria, esses equipamentos foram adquiridos há pelo menos uma década, o que os coloca em defasagem tecnológica se comparados a similares de última geração. Em outras palavras, não se pode negar a importância da infraestrutura de laboratórios existente para a produção científica e os programas de pós-graduação da instituição, porém é cada dia mais patente a necessidade de expansão e modernização da infraestrutura de seus laboratórios. Os equipamentos aqui pleiteados aumentarão a acurácia, a sensibilidade e a diversidade de análises realizadas em nossos laboratórios multiusuários. Outrossim, será possível também ampliar a escala dos estudos relacionados à produção e eficácia de bioinsumos agrícolas e materiais geotécnicos para uso em diversas áreas da engenharia. Assim, além de levarem as pesquisas da instituição a um patamar ainda mais elevado, essas aquisições poderão inclusive promover a prestação de serviços a empresas e propriedades rurais da região — demandas crescentes no entorno da UFFS, porém impossíveis de serem atendidas com a atual infraestrutura. Com a execução deste subprojeto, amostras ambientais de solo e água poderão ser mais profundamente analisadas. Será possível analisar uma maior gama de compostos e, aqueles que atualmente já são quantificados, poderão agora ser determinados em concentrações mil vezes menores. Assim, compostos nocivos ao meio ambiente que atualmente nos passam despercebidos, poderão ser detectados. Ademais, o efeito de xenobiontes sobre a fauna, a flora e a microbiota dos ambientes poderá ser melhor avaliado. Esses estudos, portanto, mais do que figurarem em publicações científicas, poderão ser utilizados pelo poder público e por empresas da região para nortear suas estratégias de mitigação de impacto ambiental. Em paralelo, novas tecnologias sustentáveis poderão ser desenvolvidas. Em particular, resíduos gerados na região serão estudados a fundo para avaliar seus potenciais usos em contextos de biorrefinarias. A biodiversidade local também será analisada visando à prospecção de microrganismos e enzimas em processos biotecnológicos. Neste caso, almeja-se o emprego desses biocatalisadores nos processos de transformação de resíduos em bioprodutos e novos materiais geotécnicos de alto valor agregado. Com isso, vislumbra-se, simultaneamente, a valorização de resíduos e a valoração da biodiversidade brasileira. No primeiro caso, a valorização pode oportunizar o desenvolvimento de modelos de economia circular. No segundo, a valoração pode aumentar a percepção da necessidade de preservação do ambiente natural para a geração de riqueza — na medida em que a biodiversidade pode ser uma provedora de novos produtos. Considera-se aqui também o efeito formativo dos equipamentos. Felizmente, a iniciativa privada tem demonstrado cada vez mais interesse na contratação de mestres e doutores para compor as equipes de desenvolvimento e inovação das empresas. No entanto, o setor produtivo aponta queixas acerca do descompasso com o mundo acadêmico. Dentre as diversas razões, pode ser citada a carência de formação tecnológica, um problema possível de ser revertido, ao menos parcialmente, com a modernização de equipamentos à disposição dos estudantes. Assim sendo, por meio da aquisição de novos equipamentos para os laboratórios multiusuários aqui elencados, este subprojeto busca o aprimoramento da pesquisa na UFFS, a formação de profissionais com alta qualificação, o desenvolvimento de novas soluções e o oferecimento de serviços à comunidade relacionados à sustentabilidade ambiental.

 Projeto financiado pelo Edital PROINFRA 2023 - EXPANSÃO, Processo 01.24.0463.00 

Os pesquisadores envolvidos nesta proposta estão buscando fortalecer a articulação e aderência de seus projetos de pesquisa, visando o aumento da produção técnico cientifico e a formação qualificada de recursos humanos (mestres e pós-doutor) no PPGATS. A proposta, intitulada “Monitoramento e identificação de contaminantes emergentes em lixiviados e efluentes de áreas agrícolas e urbanas: Performance de métodos de tratamento físico-químicos, biológicos e avançados.” É vista como uma grande oportunidade para incrementar, de fato, a integração dos pesquisadores e suas contribuições cientificas, impactando de forma positiva no desempenho do PPG. A inserção de recém doutores (por meio de bolsas de pós-doutorado) contribuirá de forma direta no desenvolvimento das atividades vinculadas a esta proposta. Esses pesquisadores terão um papel fundamental no desenvolvimento de atividades como: (i) avaliação e monitoramento de fatores bióticos, abióticos, suas interações e influências sobre a qualidade da água, e sua dinâmica de ecossistemas naturais e antropizados; (ii) desenvolvimento de indicadores ambientais e sua relação com a saúde pública regional das missões; (iii) avaliação das diferentes formas de uso do solo e recursos hídricos; (iv) investigação de estratégias de manejo para a gestão da qualidade da água; (v) desenvolvimento de técnicas analíticas para a identificação de contaminantes emergentes; (vi) investigação de métodos de tratamento e remediação de águas contaminadas; (vii) estudo do comportamento tóxico e genotóxico do ambiente in natura e purificado via métodos de tratamento; (viii) estudo de modelos matemáticos que visem contribuir com a interpretação e a projeção de cenários atuais e futuros; e, (ix) atividades relacionadas à confecção e produção de periódicos científicos Qualis Capes. Por fim, destacamos que esta Mesorregião (B.H. do Rio Uruguai) vem sofrendo impactos ambientais altamente significativos, principalmente em corpos hídricos, que podem estar atribuídos à gestão e ao manejo inadequados de atividades agropecuárias e à falta de infraestrutura de saneamento básico. Diante deste contexto, faz-se necessária a adoção de estratégias integradas e tecnologias sustentáveis que reduzam os impactos ambientais existentes e possam contribuir para uma maior visibilidade e difusão da ciência, auxiliando na compreensão do ambiente e minimizando problemas que envolvam os impactos antrópicos na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Objetivos gerais: Desenvolver, de forma interdisciplinar, estratégias sustentáveis (com o máximo de eficiência e o mínimo de impacto ambiental) que visem mitigar os efeitos nocivos da lixiviados e efluentes. Objetivos específicos: - Analisar, separadamente e em conjunto, métodos físico-químicos, biológicos e avançados de tratamento disponíveis na literatura - Aplicar estratégias sequenciais de delineamentos fatoriais para otimização e/ou desenvolvimento de novos processos de tratamento dos lixiviados e efluentes. - Avaliar a toxicidade dos lixiviados e efluentes antes e após cada estratégia de tratamento. - Propor e validar métodos para monitoramento de contaminantes emergentes em água e efluentes.

Projeto financiado pelo Edital No16/CAPES/2022