O desenvolvimento de pesquisas que promovam uma agricultura de baixa emissão de carbono é o foco de um projeto de longa duração, iniciado em 2022, do qual faz parte o professor Renan Costa Beber Vieira, da UFFS – Campus Cerro Largo. Aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), o projeto é coordenado pelo professor Cimélio Bayer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e conta com a participação de pesquisadores de todo o Brasil e apoio da Yara Internacional.
Conforme Vieira, o projeto INCT – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono tem como objetivo gerar avanços científicos na mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE), no sequestro de carbono no solo e na adaptação da agricultura às mudanças climáticas em ecossistemas tropicais e subtropicais. Além disso, busca aumentar a produtividade animal e vegetal, incentivando práticas agrícolas “climaticamente inteligentes” e promovendo a transição para uma agricultura “net zero” (ponto em que as emissões de GEE liberadas por atividade humana são equilibradas com a remoção desses gases da atmosfera) e sustentável.
Vieira conta que tem desenvolvido pesquisas focadas nas emissões de gases de efeito estufa, especialmente na emissão de óxido nitroso (N₂O) decorrente do uso de diferentes fertilizantes nitrogenados em cultivos de milho. Ele atua em uma rede de experimentos conduzida durante três safras de milho (2022/23, 2023/24 e 2024/25), abrangendo 18 locais no Brasil, sendo 9 no Rio Grande do Sul, 3 em Santa Catarina, 5 no Paraná e 1 no Mato Grosso do Sul.
“O objetivo é identificar quais fertilizantes nitrogenados apresentam maior eficiência no uso do nitrogênio, conciliando altas produtividades agrícolas com menores emissões de N₂O. Além disso, a pesquisa visa determinar os fatores de emissão regionais de N₂O, ou seja, a porcentagem de nitrogênio aplicado que é perdida na forma de N₂O, e comparar esses valores com o fator de emissão de 1,6%, recomendado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para regiões úmidas”, destaca.
De acordo com o professor, na rede de pesquisa cada pesquisador conduz um experimento em sua região ou instituição. “Embora os experimentos sejam realizados em diferentes locais, eles seguem tratamentos e delineamentos experimentais semelhantes, com ajustes para as condições específicas de solo e clima de cada área. Isso permite gerar resultados comparáveis e avaliar a eficiência do uso de nitrogênio em diferentes ambientes agrícolas”, destaca.
“No meu caso, sou responsável pelo experimento conduzido em Cerro Largo (RS). A coleta dos gases é feita utilizando câmaras estáticas fechadas, acopladas sobre bases metálicas previamente instaladas no solo. As amostras de gases são retiradas do interior da câmara com uma seringa, nos tempos de 0, 15, 30 e 45 minutos após o fechamento da câmara. As coletas são realizadas com maior frequência nos períodos imediatamente após a aplicação de fertilizantes nitrogenados e seguem durante todo o ciclo da cultura, até a colheita”, explica Vieira.