Docente da UFFS participa de projeto mundial sobre alimentação sustentável

O docente do Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável da universidade Federal da Fronteira Sul, Antônio Inácio Andrioli, é um dos pesquisadores escolhidos para integrar o projeto alemão Weltbaustelle Ernährung (Alimentação - um canteiro de obras mundial) sobre a importância da alimentação sustentável e suas implicações globais. Juntamente com os pesquisadores da África, James Ntoumba (República dos Camarões), Oidy Choongo (Zâmbia) e Louis Zulu ( Maláui), o docente da UFFS foi convidado para participar do projeto devido a sua atuação de mais de duas décadas com pesquisas sobre efeitos ambientais e sociais da produção de soja.

Enquanto os pesquisadores africanos tematizam a exportação de carne, a grilagem de terras e a mudança climática, a produção de soja no Brasil foi escolhida por ser um bom exemplo para explicar as conexões mundiais da alimentação com a agricultura em tempos de mercados cada vez mais globalizados. A produção de soja brasileira está diretamente relacionada à criação intensiva de animais na Europa, especialmente na região da Baixa Saxônia. 

O trabalho realizado em 2024 no âmbito do projeto originou uma exposição itinerante, de caráter cultural e educativo, que continua até o final de 2026.

Os materiais produzidos estão disponíveis aqui.

O Weltbaustelle Ernährung é um projeto conjunto da VEN (Federação de Política de Desenvolvimento da Baixa Saxônia) e da BUND (Associação Amigos da Terra), da Baixa Saxônia, que aborda os impactos globais do nosso sistema alimentar e busca alternativas mais sustentáveis. A iniciativa conta com o apoio do BMZ (Ministério do Desenvolvimento e da Cooperação Econômica da Alemanha) e da PPM (a Organização Luterana Pão para o Mundo).

Para o encerramento do projeto, está previsto um grande simpósio no dia 19 de novembro de 2025, em Hannover, tratando da temática “A alimentação entre a satisfação local e a responsabilidade global”. O evento é realizado em cooperação com a LeguNet, a Estratégia de Proteínas da Baixa Saxônia, e a Câmara de Agricultura da Baixa Saxônia. Em palestras, workshops e um painel de discussão, a ideia é unir ciência, política e prática com o objetivo de desenvolver soluções para uma alimentação sustentável. “A minha participação no evento de encerramento será presencial, com duas falas, e contará com a presença de pesquisadores, do Ministério da Agricultura da Baixa Saxônia e público em geral. Já no dia 20 de novembro teremos uma excursão até o DIL (Instituto Alemão de Tecnologia Alimentar), em Quakenbrück, onde os participantes poderão conhecer experiências de produção de alimentos com fontes alternativas de proteína”, informa Andrioli. 

Conforme Andrioli, “a participação nesse projeto demonstra o interesse da Europa, em especial da Alemanha, em construir parcerias com universidades do Sul Global, principalmente com instituições de ensino, pesquisa e extensão dispostas a inovar em projetos sobre alimentação saudável e sustentável, que atuam de forma multidisciplinar e transdisciplinar. Como a UFFS surgiu na ‘periferia da periferia’, portanto, bem no interior do país, distante dos grandes centros (cujas pesquisas tendem a reproduzir os interesses das "metrópoles"), ela tem esse diferencial”.

Ainda na opinião do pesquisador da UFFS, “ela representa melhor o contexto dos povos historicamente marginalizados e, como não precisa ficar o tempo todo ocupada e preocupada em imitar ou concorrer com as formas tradicionais de ver o mundo e a produção do conhecimento, como as outras universidades, ela está em melhores condições de inovar. Novos caminhos para uma outra sociedade possível e um mundo que ainda permita a sobrevivência da humanidade, precisam superar as formas coloniais e fragmentadoras do conhecimento que a ciência tradicional ainda impõe às universidades. E, estar incluído nessa "busca ativa", que organizações europeias estão realizando, juntamente com colegas da África e da Ásia, demonstra que a UFFS está correta em seu projeto original, de universidade pública e popular”.

“Estamos reafirmando a importância da soberania alimentar, da agricultura familiar e camponesa, da agroecologia, da educação do campo, da saúde coletiva, das energias renováveis, da economia solidária e do cooperativismo, dos direitos humanos, do bem-estar animal e do desenvolvimento sustentável. Essas causas históricas do surgimento da UFFS passam a ser cada vez mais valorizadas internacionalmente, e agora apresentam uma enorme oportunidade de inovação científica. É claro que isso também é o reconhecimento de um longo trabalho como pesquisador, de duas décadas com presença constante em atividades na Alemanha e, em especial, de dois anos de criação e consolidação do nosso Observatório Social e Ambiental da Soja, o Soyacene na UFFS”, salienta Andrioli.

Para mais informações sobre o Soyacene clique aqui.