O Campus Chapecó é coordenado, majoritariamente, por mulheres
UFFS: O que significa exercer o cargo de gestora do maior Campus da UFFS?
Adriana: Acredito que exercer o cargo de gestão no Campus Chapecó significa, de fato, grande desafio, primeiramente, pelo fato de que é um campus que cresce e que atrai muitas expectativas pelo desenvolvimento da região, com solicitações de abertura de novos cursos, com a busca de soluções que auxiliem nos problemas das comunidades e da sociedade como um todo.
Além disso, convivemos cotidianamente com o desafio de estar atuando em espaços acadêmicos em que a gestão da universidade tem sido ocupada majoritariamente por homens a ponto das mulheres não se reconhecerem por verem poucas representantes nesses locais que também representam espaço de liderança.
Nessa perspectiva, existe também uma certa falta de visibilidade nas contribuições oriundas das mulheres na gestão, em que se percebe, algumas vezes, que quando é um homem que fala, fica a impressão de ser melhor aceito, talvez por estarem entre os seus pares em maior número e talvez pela força da cultura patriarcal socialmente aceita em determinadas organizações.
UFFS: De maneira geral, você sente que há uma expectativa diferente sobre a atuação de mulheres na gestão, seja em termos de cobrança, habilidades esperadas ou estilo de liderança?
Adriana: Sim, creio que existe uma expectativa diferente em relação às mulheres na gestão, até porque a ausência delas em número, paritário ou maior do que os homens, faz com que haja necessidade de aceitação e inclusão desse grupo para que ela consiga desempenhar suas atividades de forma igualitária ao homem, fato que nem sempre ocorre, visto que o grupo naturalizou a participação masculina e da mulher ainda não.
UFFS: Que impacto ter mais mulheres em cargos de liderança pode trazer para a UFFS e para o ensino superior de forma geral?
Adriana: Termos mais mulheres nos cargos de liderança e gestão da nossa UFFS teria impacto relevante no sentido em que não conhecemos ainda todas as contribuições que elas são capazes de dar, justamente porque elas não estão lá de forma visível e igualitária. Depois porque é preciso mostrar as experiências exitosas conduzidas por mulheres e também por parcerias respeitosas entre elas e colegas homens. Isso se dá nas instituições brasileiras e no mundo, guardadas as diferenças até entre países e continentes.
Hoje temos mulheres concluindo cursos de graduação e pós-graduação em várias profissões, que no passado eram tidas como restrita a homens e vice-versa, bem como vemos o empreendedorismo feminino em alta, vemos grande parte das famílias chefiadas por mulheres, assim como outras posições de destaque social.
Fato é que a mulher vem avançando nos espaços de gestão e liderança e isso abre caminho para outras minorias também reivindicarem “presença, respeito e valorização institucional-social”.
Adriana é doutora em Enfermagem e professora associada da UFFS. Também é líder do Laboratório de Pesquisa em Gestão, Inovação e Tecnologias em Saúde (LABITECS da UFFS - Campus Chapecó.