Para Marcus, “a IA pode servir como um consultor, como um assistente. Usar adequadamente a IA implica muito mais aprender a fazer perguntas inteligentes do que propriamente esperar respostas prontas a partir de perguntas bobas. Quanto mais complexificamos as perguntas, mais abrangentes e profundas são as respostas. Mas é claro: os modelos de IA Generativa, hoje, têm limites. A inteligência humana ainda é a melhor ferramenta na solução de problemas complexos”.
“Algo que chama a atenção na produção de textos acadêmicos com auxílio de IA é sua dificuldade de gerar ou indicar referências fidedignas. Vejo, basicamente, três tipos de referências que a IA traz: 1. as referências canônicas, com autores consagrados, mas que não raro são inventadas, colocando palavras na boca dos pesquisadores; 2. referências importantes, mas com dados equivocados, por exemplo, atribuindo obras a autores que nunca as escreveram, confundindo autorias e autores; 3. referências irrelevantes com artigos pouco significativos. Não aconselho a ninguém buscar referências com apoio de IA. O bom e velho livro ainda é nosso melhor apoio na pesquisa bibliográfica e no referencial teórico”, afirma Marcus.
Julyane comenta que, como docente, utiliza a IA para “pensar em cronogramas das aulas, montar formas de tornar as aulas mais atrativas e interessantes, para adequação de linguagem ao perfil da turma. Treinei alguns agentes para me ajudarem com as legislações da universidade e para a parte dos designs”.
O professor Marcus comenta que “a IA, de maneira geral, acelera os processos mais mecânicos dos afazeres docentes. Por exemplo, não utilizo IA quando quero produzir um artigo. Tenho convicção de que o processo de reflexão que faço a IA não é capaz de desenvolver, mas quando preciso relembrar algum conceito específico de forma rápida, algo que eu já saiba, mas que está escondido em alguma gavetinha da memória por falta de uso, não hesito em pedir auxílio. Caso a resposta me deixe em dúvida, abandono temporariamente a demanda e busco a resposta mais tarde em fontes confiáveis, mas se a resposta ativa minha memória e a reconheço, então, a uso”.
“Também posso usar a IA para sugerir, por exemplo, a organização dos temas das unidades didáticas de uma determinada disciplina, ajudando-me a organizar o tempo. Posso mesmo dialogar, digamos, sobre critérios de avaliação: a IA costuma trazer ideias interessantes quando já temos critérios mais ou menos estabelecidos e queremos detalhá-los. Enfim, tudo isso sempre contando com a IA como apoio, com muito critério e aproveitando a experiência humana que só nós temos. Não dá para aceitar tudo que ela entrega, de forma irrefletida”, enfatiza Marcus.