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Cultura científica é incentivada em feira voltada a crianças e adolescentes

Instituições se unem para promover a Feira Escolar de Ciência, Tecnologia e Inovação (FECiTI)

Assessoria de Comunicação - Campus Chapecó — 27 de Junho de 2025 — Atualizado em 27/06/2025

Cultura científica é incentivada em feira voltada a crianças e adolescentes

Uma novidade que visa estimular a pesquisa e o pensamento crítico em crianças e adolescentes acontecerá em outubro, unindo várias instituições de ensino superior, em Chapecó. A Feira Escolar da Ciência, Tecnologia e Inovação (FECiTI) é fruto de uma parceria entre diversas instituições e projetos. A UFFS – Campus Chapecó é a instituição executora, e compõe a Comissão Organizadora do evento em parceria com a Unochapecó, a UDESC e o Projeto Oriri. Conta ainda com apoio da Prefeitura de Chapecó por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Inovação e Tecnologia, e de outras instituições que colaborarão com palestras, mesas redondas, oficinas, exposições, mostras, tais como a UFSC, Funai e Itaipu Parquetec.

Estudantes, professores e parceiros estarão na UFFS – Campus Chapecó de 6 a 8 de outubro, em prol da promoção da cultura científica nas escolas públicas e privadas de Chapecó. Com a proposta de integrar pesquisa, criatividade e inclusão, a FECiTI é direcionada a estudantes do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do 1º ao 4º ano do Ensino Médio. Conforme uma das coordenadoras do evento, professora Danielle Nicolodelli, a expectativa é de que a feira se torne um espaço de trocas ricas entre estudantes e professores de diversas realidades, colocando a ciência em diálogo com os saberes locais e com os desafios contemporâneos.

A ideia da FECiTI surgiu a partir da vontade de aproximar a comunidade da ciência, desenvolvendo um projeto que extrapolasse a própria instituição e se voltasse à valorização do conhecimento científico. “A UFFS existe em função das demandas regionais. Para a FECiTI, é fundamental que professores se vejam como orientadores, e que pais incentivem seus filhos a se envolverem com a pesquisa científica. Os convidados de honra da feira são os estudantes da Educação Básica”, destaca a professora Danielle.

O evento contará com uma mostra de desenhos dos alunos do 1º ao 5º ano, com o tema “O dia-a-dia do cientista”, além de projetos de pesquisa dos estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e do ensino médio. Serão selecionados até 50 trabalhos finalistas, que serão avaliados por professores e pesquisadores das instituições colaboradoras.

Formar jovens com pensamento crítico e autonomia

Porém, conforme a docente, a FECiTI vai muito além da apresentação de experimentos escolares. A proposta é inserir jovens na cultura científica, compreendendo seus métodos, linguagens e valores. Isso inclui desenvolver habilidades como pensamento crítico, análise de evidências, argumentação lógica e percepção ética. 

"Participar da cultura científica dá aos jovens autonomia para questionar, investigar e construir conhecimento — habilidades essenciais em tempos de desinformação e fake news”, reforça ela.

Além disso, a feira se propõe a discutir temas como gênero, etnia, etarismo, educação antirracista, acessibilidade, diversidade cultural e inovação social, por meio de atrações culturais, mesas-redondas, palestras, rodas de conversa e oficinas.

A feira é financiada pelo CNPq, Capes, FNDCT, MEC, MCTI e o programa Pop Ciência, somando um total de R$ 81.120,00 — sendo R$ 61.370,00 destinados a bolsas para professores e estudantes da educação básica, e R$ 19.750,00 em custeio do evento.

Participação com projetos e desenhos

As inscrições para os alunos participantes vão até 8 de agosto de 2025. Os projetos devem ser inscritos pelas escolas. Cada uma pode inscrever até três projetos ou três desenhos, por meio de um professor, funcionário ou diretor responsável. Os projetos devem ser desenvolvidos ao longo do ano letivo e podem abordar qualquer área do conhecimento. Todas as orientações para submissão de projetos e desenhos estão nos regulamentos disponíveis no site.

A avaliação dos trabalhos ocorrerá em duas etapas: uma fase on-line, para a seleção dos 50 finalistas, e uma fase presencial, durante o evento, em que os premiados serão definidos com base em critérios como inovação e originalidade, potencial de transformação, alinhamento aos ODS, metodologia, coerência e consistência dos resultados e expressão e comunicação dos projetos.

Os critérios detalhados e a programação completa estão disponíveis no site da feira https://sites.google.com/view/fecitifeiraescolar/p%C3%A1gina-inicial?authuser=0

Ciência, cultura e inclusão em destaque

A FECiTI, conforme a professora, investe na combinação entre ciência e diversidade para fortalecer a educação e a cidadania. Com oficinas, palestras, apresentações e exposições, com a valorização de culturas diversas, a feira busca valorizar saberes tradicionais e incentivar o diálogo entre diferentes formas de conhecimento. 

"A ciência é uma cultura, com seus próprios métodos, linguagem e valores. E como toda cultura, ela precisa ser vivenciada, compreendida e compartilhada desde cedo”, conclui a professora. 


Serviço – FECiTI 2025 

• O quê: Feira Escolar da Ciência, Tecnologia e Inovação

• Quando: De 6 a 8 de outubro

• Onde: UFFS - Campus Chapecó

• Inscrições: até 08/08

• Instagram: @feciti_feiraescolar

• Email: feciti@uffs.edu.br


Leia a entrevista completa com a professora Danielle



- Por que a UFFS resolveu criar a FECiTI? Como o envolvimento com a comunidade regional é relevante para a universidade?

Nas Universidades Federais, os docentes têm autonomia para desenvolver projetos de pesquisa e extensão, para além de suas atividades em sala de aula. No início deste ano, eu e o professor Diego Anderson Hoff decidimos submeter um projeto para a chamada CNPq/FNDCT nº 37/2024, de Feiras de Ciências e Mostras Científicas. Contamos, na ocasião com a colaboração da professora Claudia Battestin Dupont, da Unochapecó. Através dessa chamada conseguimos construir a FECiTI pensando em promover a cultura científica nas escolas do município de Chapecó.

A UFFS é uma instituição que existe em função das demandas regionais, e nosso trabalho é extrapolar os “muros” da Universidade atuando em parceria com a comunidade. Para a FECiTI é importante que pais incentivem seus filhos a participar, que professores visualizem-se como orientadores e fomentem a curiosidade, a criatividade e o interesse pela investigação científica em seus alunos. Os convidados de honra da nossa feira são os estudantes da Educação Básica.


- O que é e por que incentivar a cultura científica nas escolas? Por que as universidades têm interesse em estimular a cultura científica nesses jovens, que ainda estão nas escolas?

A ciência, muitas vezes, parece difícil, distante, desafiadora até demais. Mas o que precisamos entender é que ela consiste em uma imensa cultura, assim como muitas outras.

Mudar de uma cidade para outra, especialmente se essas cidades forem bastante distantes, é desafiador, não é? Cada local tem sua cultura e dentro dela seus costumes, crenças, vestimentas, etc.. Toda mudança exige um tempo de adaptação, e essa adaptação pode ser mais difícil se a cultura do novo local for muito diferente daquela que estávamos acostumados. Mas, mais cedo ou mais tarde, em maior ou menor grau, nos adaptamos. Aprendemos novos costumes, crenças, e conseguimos até construir posturas do tipo “não é comum usar saias por aqui, mas eu amo usá-las e não abro mão pois me sinto confortável”, ou então “as pessoas aqui lidam com a raiva melhor do que costumávamos lidar de onde eu vim, gostei”.

Retomando, então, a afirmação inicial: a ciência é uma vasta cultura que possui linguagem própria (e bastante técnica – um dos desafios para aprendê-la), normas e valores, práticas específicas (como rigor metodológico, coleta sistemática de dados, revisão por pares, etc.), instrumentos e artefatos peculiares (como microscópios, balanças de precisão, espectrômetros, softwares específicos, bases de dados, etc.).

Para além da linguagem técnica, a cultura científica é desafiadora pois exige rigor, forte argumentação lógica, e tem valores que podem contrastar com outras culturas. Além disso, o cientista precisa desenvolver uma forma específica de perceber e interpretar o mundo, um olhar treinado que demanda tempo e prática. Mas, mesmo sendo tão desafiador, porque é importante incluir os jovens na cultura científica?

A ciência ensina a avaliar evidências, a distinguir fatos de opiniões, a reconhecer vieses, habilidades essenciais em tempos de desinformação. Ou seja, auxilia na formação do pensamento crítico. Jovens que compreendem os processos da ciência (como se constrói o conhecimento, como se valida uma teoria, por que a ciência muda com o tempo) tornam-se cidadãos mais preparados para interpretar o mundo. Participar da cultura científica oferece aos jovens autonomia para questionar, investigar e construir conhecimento, em vez de apenas consumir informações passivamente. Muitos desafios atuais (clima, saúde pública, ética da IA, etc.) exigem entendimento científico básico para que as pessoas possam opinar e agir de maneira informada. Ainda, quanto mais a ciência for um bem cultural acessível a todos, menos espaço há para visões dogmáticas e para a manipulação por parte das pseudociências.

- Como os jovens, professores e demais pessoas da comunidade escolar podem começar a se preparar para a feira?

Os estudantes da Educação Básica de 6º a 9º ano do Fundamental e do Ensino Médio podem procurar seus professores para orientá-los na estruturação de projetos de pesquisa.

Os estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º a 5º anos) podem desenvolver desenhos para a mostra “O dia-a-dia do cientista”.

As inscrições vão até 08 de agosto de 2025 e as orientações completas para os participantes estão no nosso site, nos regulamentos. 


- Para quem é a ciência? Quem pode ser cientista e quem se beneficia das pesquisas científicas? "Ser cientista” é algo distante, inacessível a quem vive no interior de Santa Catarina, por exemplo?

Parece clichê, mas a melhor resposta para a primeira dessas perguntas é: para todos. A ciência é para todos e as pesquisas científicas são feitas no intuito de impactar amplamente a sociedade.

Algumas áreas de conhecimento geram impactos mais diretos e bem visíveis, como a medicina. Outras produzem pesquisa de base, como a física, e seus resultados às vezes demoram a se transformar em algo visível para a sociedade. Pesquisas físicas importantes – e por muitos desconhecidas – levaram, por exemplo, ao laser, que, por sua vez têm aplicações essenciais em comunicações ópticas, medicina, indústria, entretenimento e na própria ciência. Sobre quem pode ser cientista, a resposta também soa como clichê: todos podem ser cientistas. Mas é importante ressaltar que nem todos precisam ser cientistas, e está tudo bem. Queremos sim que os jovens se interessem pela ciência. E queremos que todos – desejando ser cientistas ou não – se apropriem da cultura científica por tudo que ela pode proporcionar. Mas o nosso mundo só é tão incrível como é pois os seres humanos têm interesses diversificados, múltiplos. Quando pessoas com diferentes interesses interagem, elas trazem novas formas de ver o mundo, questionam ideias estabelecidas e abrem caminhos para soluções criativas. Essa diversidade de interesses é o que impulsiona a inovação, que não está exclusivamente ligada à ciência.

Quanto a ser cientista no interior de Santa Catarina: é possível sim. Em âmbito acadêmico, a UFFS, a UDESC,, a Unochapecó e outras instituições de ensino superior da região já mostram isso há anos. Há ciência, e muita, sendo produzida no oeste. Em termos das escolas, temos visto sim iniciativas de iniciação científica na região, que já levaram estudantes para outras feiras de ciências, como a FIciências - Feira da Inovação das Ciências e Engenharias, que é uma feira internacional da qual a UFFS também é parceira.


- Qual o valor da ciência perante outros saberes, como os tradicionais?

Essa é uma pergunta bastante delicada. É fato que alguns valores da ciência são incompatíveis com valores típicos de outras culturas. E, durante muito tempo, perpetuou-se o discurso de que para ser cientista não se pode ter outras crenças. Ou então que a ciência despreza outros saberes que não os seus.

Isso não é bem verdade. Assim como um advogado precisa exercer uma postura profissional quando está atuando, comportando-se de determinada maneira, seguindo uma argumentação baseada em leis, normas e fatos, o cientista também precisa seguir as regras da ciência quando está trabalhando. Um cientista não pode fundamentar um argumento com base no vídeo que viu na rede social. Assim como o advogado não pode defender seu cliente com base no argumento de que “a mãe dele diz que ele é um bom filho”. Compreende?

Agora isso não quer dizer que o cientista precise odiar os vídeos da rede social. Ou que o advogado despreza a mãe de seu cliente. Não! As pessoas têm interesses variados e são fruto de uma infinidade de culturas. Um grande cientista que tinha interesses muito diversificados era Isaac Newton, que para além de seus escritos sobre física tem registros escritos interessantíssimos sobre religião e alquimia.

Para finalizar, foco então em valores da ciência que não são exclusivos, e que tem suas releituras em inúmeras outras culturas, tais como compromisso com a verdade, consistência, responsabilidade, ética, criticidade, honestidade, integridade, confiabilidade. - Por que é essencial o investimento na ciência, quando a gente pensa em um país? A ciência está associada a necessidades básicas dos seres humanos. Está ligada ao desenvolvimento tecnológico e à inovação. A ciência contribui para melhorar a qualidade de vida, para preservação do meio ambiente, ela embasa políticas públicas, gera soberania e traz retorno econômico para o país. Além disso, possibilita melhorias em infraestrutura (de uma forma geral), estimula o empreendedorismo e contribui para resolver problemas sociais.


- O que você, como mestra em Educação Científica e Tecnológica, pode sugerir aos gestores e professores no sentido de estimular essas produções nas escolas? 

Eu queria dizer que sabemos que as condições para desenvolvimento de pesquisa científica na Educação Básica – especialmente falando de educação pública – não são fáceis. Eu sei que é mais fácil falar da perspectiva da universidade do que da perspectiva da escola. Mas também sei que a inovação no ensino é urgente. Falando de forma mais específica sobre a área de exatas, já fizemos – enquanto nação – inúmeras tentativas de deixar os currículos escolares mais atraentes e interessantes para os estudantes. Mas estamos com dificuldades na superação dos obstáculos na aprendizagem de física, química e matemática.

A construção de projetos de pesquisa científica pode ser um respiro, uma possibilidade nova, desafiadora para professores, mas que pode despertar interesse nos estudantes. O que mais vemos nos dias atuais são movimentos anticiência crescentes (negacionismo climático, movimento antivacinas, terraplanismo, etc.), ampla propagação de desinformação nas redes sociais, pessoas explorando narrativas anticientíficas para proteger interesses próprios. Nossos estudantes precisam estar preparados para lidar com tudo isso.

E eu acredito, fortemente, que os valores da ciência e tudo que ela pode ensinar, para além do conteúdo em si (que já é valioso), tem sim potencial transformador. Para isso, a promoção da cultura científica nas escolas é essencial. E é isso que estamos fazendo.


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