A influenza aviária, popularmente conhecida como gripe aviária, voltou a ser motivo de preocupação no Brasil. Vários são os casos suspeitos e que estão sob investigação e, no momento, a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) considera que a crise está restrita à região do município de Montenegro (RS). Para entender qual é a dinâmica da doença e o que é importante saber sobre ela, conversamos com o professor Iucif Abrão Nascif Júnior, do curso de Medicina Veterinária da UFFS – Campus Realeza.
Em relação à forma como a doença se manifesta nos animais, o professor Iucif explica que “ela pode produzir sintomas respiratórios, digestivos e neurológicos. Então, é uma doença que tem uma complexidade de sinais e sintomas e se caracteriza normalmente por afetar um grande número de aves e causar uma mortalidade muito grande em um período curto de tempo”. Além das aves domésticas, ela também pode afetar aves silvestres e, excepcionalmente, suínos e outras espécies, inclusive o ser humano.
Iucif afirma, porém, que o risco de transmissão aos seres humanos é baixo. “Porque esse risco se dá, basicamente, em quem tem contato direto com as aves doentes. O consumo de carne, de ovos e outros derivados de frango ou de ovos não constitui em risco de transmissão, principalmente se forem alimentos bem cozidos. E, normalmente, a gente cozinha muito bem os alimentos de origem de aves”, explica.
O professor destaca que, “como há inspeção, como são animais que têm acompanhamento médico veterinário, nem a carne, nem os ovos desses animais vão para consumo humano. Esses animais são sacrificados, esses ovos são destruídos e isso não vai para o consumo humano, o que reduz muito qualquer eventual risco que poderia acontecer caso esses produtos fossem consumidos crus. Como a transmissão se dá mais pelo contato com as aves doentes do que pelo consumo dos produtos, então a gente tem bastante segurança em continuar consumindo os produtos de origem avícola aqui no Brasil”.