Mudanças climáticas e desigualdades socioespaciais no acesso a serviços de saúde são dois aspectos que têm intensificado os estudos da Geografia da Saúde. Visando trazer mais informações e abrir debates científicos sobre o tema, a UFFS – Campus Chapecó organiza e será sede do II Seminário Estadual de Geografia da Saúde nos dias 26 e 27 de maio. Pesquisadores interessados podem submeter seus artigos até 25 de abril.
O I Seminário Estadual de Geografia ocorreu em 2018, no Instituto Federal Catarinense, em Blumenau. Após a pandemia, os pesquisadores retomam o evento, dessa vez, na UFFS, com financiamento da Fapesc. Neste ano acontece, também, o XI Simpósio Nacional de Geografia da Saúde, em Vitória (ES), e o evento em Chapecó vem sendo encarado como um preparatório para a etapa nacional.
Conforme a professora do curso de Medicina, Rosane Nierotka, os pesquisadores da área também buscam compreender melhor a distribuição das doenças e fatores de risco em diferentes territórios. Os avanços tecnológicos, como o uso de geoprocessamento, têm permitido análises mais precisas e estratégicas para a formulação de políticas públicas.
Na UFFS – Campus Chapecó, pesquisas a respeito da Geografia da Saúde vêm sendo desenvolvidas tanto na graduação quanto nos programas de pós-graduação em Geografia e em Enfermagem. o Grupo de Pesquisa em Geografia e Saúde (GEOSAUDE) está certificado pela UFFS no CNPq desde 2018, e tem por objetivo fortalecer as atividades de pesquisa voltadas ao contexto do espaço geográfico e a saúde, focando em questões ambientais, sociais, espacialização de elementos importantes para a compreensão do processo saúde-doença-cuidado. “Além disso, na última edição do Simpósio Nacional de Geografia da Saúde, realizado em Manaus em 2023, um trabalho fruto da especialização em Enfermagem em Oncologia recebeu menção honrosa, o que nos deixa muito feliz em poder contribuir com qualidade para essa temática no país”, ressalta ela.
As contribuições da Geografia da Saúde, segundo a professora, são muitas. Possibilita, por exemplo, a análise espacial dos determinantes sociais da saúde, o que permite identificar áreas de maior vulnerabilidade e orientar a alocação de recursos e serviços de forma mais equitativa. Ela destaque que os estudos também podem auxiliar o planejamento, facilitando as tomadas de decisão e a estruturação de redes de cuidado.
“Por meio do olhar geográfico é possível identificar as relações existentes nas condições de saúde, a acessibilidade aos serviços de saúde e impactos ambientais sobre a saúde da população. Assim, os gestores podem planejar intervenções mais eficazes, reduzir desigualdades regionais e otimizar a distribuição da rede assistencial. Além disso, a integração da Geografia da Saúde com a Atenção Primária favorece estratégias preventivas e a promoção da saúde de forma territorializada”, frisa Rosane.
Entretanto, para conseguir chegar à assertividade de estratégias e planejamentos mais eficazes, é necessário superar alguns desafios. Conforme a professora, ainda é preciso avançar na disponibilidade e na qualidade dos dados georreferenciados, na interdisciplinaridade das pesquisas e na aplicação dos resultados na formulação das políticas públicas. Mais ponto delicado, segundo ela, é a precarização do trabalho na pesquisa científica e as dificuldades de financiamento impactam a continuidade dos estudos. “Outro desafio relevante é a resistência e falta de capacitação na adoção de novas metodologias tecnológicas e geoespaciais por parte de gestores e profissionais da saúde, o que dificulta a implementação de soluções inovadoras no planejamento territorial da saúde”.
Investigações científicas na área da Geografia da Saúde podem crescer ainda mais. Isso porque há assuntos em níveis crescentes para as pesquisas. “A Geografia da Saúde estuda como fatores socioeconômicos influenciam o perfil epidemiológico das populações, evidenciando que comunidades em situação de vulnerabilidade enfrentam maiores dificuldades no acesso à saúde e estão mais expostas a riscos ambientais. Mudanças climáticas, como o aumento de temperaturas extremas e desastres naturais, intensificam a disseminação de doenças tropicais, agravam problemas respiratórios e geram deslocamentos populacionais, exigindo respostas adaptativas dos serviços de saúde. Já a precarização do trabalho afeta diretamente a saúde dos trabalhadores, ampliando o adoecimento físico e mental e tornando fundamental a análise territorial dessas condições para a formulação de políticas públicas mais inclusivas e eficazes”, finaliza a professora.
Saiba mais sobre o evento
As normas para a elaboração e submissão de trabalhos estão disponíveis no Portal de Eventos da UFFS.
Programação
Dia 26/05
A partir das 8h - Credenciamento
8h30 10h30 - Mesa de Abertura: As redes de atenção à saúde e os múltiplos territórios, Prof. Dr. Eduardo Augusto Werneck Ribeiro (IFC – São Francisco do Sul), Prof. Dr. Paulo Roberto Barbato (Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC), Profa. Dra. Édlamar Kátia Adamy (Universidade do Estado de Santa Catarina- UDESC - SC), Prof. Dr. Junir Antonio Lutinski (UNOCHAPECÓ).
10h30 - Coffee
11h às 11h30 - Debate
11h30 às 13h - Almoço
13h às 15h - Mesa redonda de práticas em saúde – Territorialidades e cuidado, com Professores da UFFS .
15h30 - 16h - Atividade Cultural
16h - 19h - Apresentação dos trabalhos
Dia 27/05
9h às 10h30 - A qualidade da informação em saúde e a territorialização: Rafael de Castro Catão (Universidade Federal do Espírito Santo - UFES) e Prof. Rodrigo Moretti, Debatedor: Prof. Dra. Maiara Bordigon docente do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem – UFFS
10h30 - Coffee
11h às 11h30 - Atividade Cultural
11h30 às 13h - Almoço
13h às 15h - Organização dos Grupos de Trabalho - tecendo redes em pesquisa
15h - Premiações e encerramento das atividades.
Realização: UFFS; Apoio: FAPESC, Curso de Medicina, PPGENF UFFS, UDESC, PPGENF UDESC, UNOCHAPECÓ, IFSC Chapecó. Financiamento: FAPESC.