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Cientista da UFFS desenvolve dispositivo para detecção rápida e não invasiva do câncer

Tecnologia pode revolucionar a detecção do câncer com menor custo e maior rapidez

ASCOM - LS — 17 de Março de 2025 — Atualizado em 17/03/2025

Cientista da UFFS desenvolve dispositivo para detecção rápida e não invasiva do câncer

Na foto, Gisele Louro Peres está em um laboratório, vestindo um jaleco branco, luvas azuis e óculos de grau. Ela segura uma placa de Petri com uma amostra do biossensor em estudo.

O câncer é uma das doenças mais temidas da atualidade e, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2040, o número de casos poderá chegar a 29 milhões. A implementação de estratégias de prevenção e detecção precoce da doença, utilizando métodos rápidos e não invasivos, pode contribuir para a redução e o controle dessa incidência.

Com esse objetivo, a professora Gisele Louro Peres, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - Campus Laranjeiras do Sul, conduz o projeto de pesquisa “Desenvolvimento de potencial inovador fluoróforo inorgânico no infravermelho próximo: uma abordagem experimental para desempenho otimizado”, que visa à criação de biossensores para a detecção rápida e não invasiva do câncer.

Esses biossensores são nanocarregadores que podem ser utilizados tanto para diagnóstico quanto para o tratamento do câncer. Na pesquisa, eles emitem luz na faixa do infravermelho próximo (NIR) e utilizam o azul egípcio como agente de imagem para a detecção da doença. Essa tecnologia se destaca em relação aos métodos convencionais de detecção por ser altamente sensível, não invasiva, não destrutiva, mais acessível e mais ágil do que biópsias e exames de imagem tradicionais. Além disso, oferece imagens de alta resolução, com maior penetração em tecidos biológicos e menor fototoxicidade.

O biossensor em estudo foi pensado e elaborado para detectar diferentes tipos de câncer que expressam o receptor TAG-72, como câncer de mama, ovário, pâncreas e cólon. No entanto, estudos futuros poderão ampliar sua aplicação, possibilitando avanços no diagnóstico precoce e no tratamento de outros tipos de câncer.

A pesquisadora comenta sobre o andamento da pesquisa: “Atualmente, os biossensores baseados no azul egípcio estão na fase de síntese, encapsulamento e caracterização laboratorial. O encapsulamento foi realizado com sucesso, e outros testes estão em andamento com o objetivo de garantir a funcionalidade do biossensor antes de avançarmos para os testes específicos de detecção de células tumorais”, explica Gisele.

“Os próximos passos da pesquisa envolvem modificar a superfície dos nanocarregadores com pequenos fragmentos de proteínas (peptídeos) que conseguem identificar e se ligar especificamente ao receptor TAG-72, presente em células cancerígenas. No entanto, para avançarmos nessa etapa é fundamental contar com suporte financeiro e parcerias estratégicas. A pesquisa já demonstrou resultados promissores na fase laboratorial, mas para validar a eficácia dos biossensores em condições fisiológicas e garantir seu potencial para aplicações biomédicas, precisamos estabelecer colaborações com empresas, órgãos de fomento e instituições interessadas em impulsionar essa inovação”, relata.

Gisele comenta que “a pesquisa incorpora solventes eutéticos profundos (DES) na formulação dos biossensores, potencializando a fluorescência do material e adotando uma abordagem mais sustentável. O uso de DES, biodegradáveis e de baixa toxicidade, substitui solventes orgânicos convencionais, reduzindo o impacto ambiental e alinhando o desenvolvimento dos biossensores aos princípios da química verde. Dessa forma, além de inovar na detecção do câncer, a pesquisa também avança na direção de soluções tecnológicas mais sustentáveis e seguras para aplicações biomédicas, continuando, de forma moderna, o legado de cura e proteção que o azul egípcio sempre representou”.

O grupo de pesquisa em Química Tecnológica e Ambiental (GPQTA), liderado pela professora Gisele, iniciou o estudo desses sistemas inovadores e está explorando suas possíveis aplicações terapêuticas, combinando-os com o uso de ervas medicinais. Os compostos bioativos dessas ervas podem ser potencializados por novas tecnologias, resultando em tratamentos mais eficazes e sustentáveis.

Pesquisa na Universidade de Aveiro - Portugal
Parte da pesquisa da professora Gisele foi desenvolvida durante seu pós-doutorado na Universidade de Aveiro (UA), em Portugal, no Laboratório Associado CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro, um centro de referência mundial em pesquisas na área de materiais avançados. O laboratório conta com equipamentos e tecnologias de ponta, e a pesquisa foi orientada pela profa. Dra. Mariela Nolasco e pelo Prof. Dr. Paulo Claro, ambos da UA.

Programa Atlânticas
A dedicação integral da professora Gisele à pesquisa foi viabilizada por sua seleção como uma das pesquisadoras brasileiras contempladas com bolsa de pós-doutorado do Edital Atlânticas - Programa Beatriz Nascimento de Mulheres na Ciência (Chamada n° 36/2023), promovido pelo Ministério da Igualdade Racial e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O Atlânticas é o primeiro programa do governo federal destinado exclusivamente para mulheres cientistas negras, indígenas, ciganas e quilombolas e contemplou 39 pesquisadoras com bolsas de pós-doutorado no exterior.

Além do desenvolvimento dos biossensores, o projeto da professora Gisele também busca produzir um minidocumentário sobre a vida e a obra de Beatriz Nascimento, com depoimentos das mulheres participantes da Chamada Pública 36/2023, e elaborar vídeos didáticos sobre nanociência e nanotecnologia. O objetivo é contribuir para a popularização da ciência e para a formação continuada de professores da educação básica. Todos os vídeos serão disponibilizados no canal do YouTube Química em Arte.

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