Em alusão ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2 de abril), a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza destaca um projeto de pesquisa voltado a crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e suas famílias. O objetivo é criar um protocolo de intervenção nutricional para as famílias lidarem com os problemas da seletividade alimentar, algo comum em crianças diagnosticadas com TEA. Alguns pais e responsáveis já estão participando deste treinamento que é gratuito e aberto a todos os interessados.
Coordenado pela professora Eloá Angélica Koehnlein, e supervisionado pela nutricionista da Clínica-Escola de Nutrição da UFFS Larissa da Cunha Feio Costa, o projeto busca enfrentar o problema da seletividade alimentar, marcada pela recusa e desinteresse a certos tipos de alimentos. Este comportamento pode ser mais comum em crianças com TEA, conforme destacam as pesquisadoras, já que fatores comportamentais como a presença de padrões repetitivos e rígidos, além da alta sensibilidade sensorial, são mais sinais característicos do TEA.
De acordo com Larissa, especializada em Nutrição no TEA, o comportamento repetitivo em crianças com TEA pode impactar a qualidade nutricional de várias maneiras. “Muitas vezes, essas crianças podem ter preferências alimentares restritas, levando a uma dieta limitada que não fornece todos os nutrientes necessários para um crescimento saudável. Por exemplo, uma criança pode insistir em comer apenas alimentos de uma determinada textura, como apenas alimentos crocantes ou de apenas uma única cor. Isso pode resultar em uma ingestão insuficiente de vitaminas e minerais essenciais para o desenvolvimento”, alertou.
O protocolo desenvolvido pela UFFS foi criado a partir de uma técnica chamada "Food chaining" (encadeamento alimentar), criado pelas pesquisadoras Cheri Fraker e Laura Walbert, para pessoas e crianças com extrema seletividade alimentar. A técnica considera as preferências da criança por textura, sabor, temperatura, cor ou aparência dos alimentos. Assim, de maneira gradual, são introduzidos novos alimentos semelhantes em uma ou mais dessas propriedades que a criança com TEA já aceita comer.