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ExtensãoIndígenas

Projeto de extensão da UFFS atenderá 160 professores indígenas da região sul em 2025

Iniciativa faz parte da Ação Saberes Indígenas na Escola, da Secadi, setor vinculado ao Ministério da Educação

Diretoria de Comunicação Social — 17 de Abril de 2025 — Atualizado em 17/04/2025

Projeto de extensão da UFFS atenderá 160 professores indígenas da região sul em 2025

Cursistas do norte de Santa Catarina definiram pela produção de um documentário como material formativo

Em 19 de abril é celebrado o Dia dos Povos Indígenas. A proximidade da data é uma boa oportunidade para falarmos um pouco sobre os projetos de pesquisa e extensão desenvolvidos pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que têm como público-alvo as comunidades indígenas. Hoje abordaremos um projeto de extensão multicampi, que integra a Ação Saberes Indígenas na Escola (ASIE), criada pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), vinculada ao Ministério da Educação (MEC). Ao todo, 51 instituições federais de ensino superior do Brasil participam da ASIE, que busca promover a formação continuada de professores em educação escolar indígena. 

De acordo com a coordenadora do projeto de extensão na UFFS, Solange Todero Von Onçay, a Universidade entrou na ação nacional pelo convite da Rede ASIE de Mato Grosso do Sul, que integra os Povos do Pantanal e do Cone Sul, com o objetivo de desenvolver as atividades do projeto com os povos Guarani (Kaiowá, Ñandeva e Mbyá). A Universidade passou, assim, a compor uma rede que já atua há mais de dez anos junto às comunidades Guarani no Território Etnoeducacional Cone Sul. 

A principal ação desenvolvida pelo projeto de extensão da UFFS, em 2024, foi a formação de 80 professores indígenas (lideranças educacionais), para a coordenação de ações escolares na perspectiva da autonomia e da autodeterminação, sobretudo com a intenção de valorizar a língua, a cultura e a ciência presentes na sabedoria indígena. O trabalho desenvolvido partiu da escuta dos indígenas a respeito de sua concepção de escola.

Conforme Solange, “percebemos, a partir do diálogo, a necessidade deste aproximar entre as vivências, as sabedorias, do que está presente na língua, na própria língua materna, na linguagem oral, na espiritualidade desses povos, na dimensão cultural e na concepção de mundo e de vida. A partir desse movimento, inspirados nas referências de Paulo Freire, nós fomos fazendo esse diálogo, aproximando todas essas vivências, essa sabedoria, compreendendo esse alargamento de concepção de conhecimento, onde tem presente uma espiritualidade, uma cosmologia, elementos naturais, um mundo de sabedorias ancestrais, que a escola, a educação escolar indígena, precisa reconhecer e aproximar, no sentido de sobre isso produzir um diálogo com o conhecimento científico”. 

Por meio do projeto da UFFS, foram atendidas comunidades nas regiões dos municípios de Inácio Martins, Mangueirinha e Nova Laranjeiras, no Paraná, Araquari, Chapecó, Garuva, Jaraguá do Sul, São Francisco do Sul e Xanxerê, em Santa Catarina, e Cerro Largo, no Rio Grande do Sul. Participaram da formação docentes da UFFS dos campi de Chapecó, Cerro Largo, Erechim e Laranjeiras do Sul, além de professores formadores indígenas.

As ações do projeto em 2024 foram coordenadas pelo professor Cristiano Durat, do Campus Laranjeiras do Sul e, na sequência, a partir do mês de dezembro, pela professora Solange. A previsão é, neste ano, dobrar o número de cursistas, atendendo até 160 professores indígenas. Solange explica que a proposta é dar sequência ao trabalho realizado com os cursistas de 2024 (professores guaranis das séries iniciais que desejarem e que tenham matrículas ativa em escolas municipais ou estaduais) e ampliar para séries finais do ensino fundamental e médio, em havendo escolas nas aldeias.

Materiais

Diversos materiais, resultantes das ações do projeto da UFFS em 2024, devem ser produzidos. Um deles, já finalizado, é um documentário que aborda a experiência de formação no norte de Santa Catarina. De acordo com a professora Solange, que coordenou os trabalhos, os cursistas, que abrangeram 8 escolas indígenas, definiram pela produção do documentário como material formativo. Confira o vídeo em: https://youtu.be/PMCp4DZKYhU.

Naisla da Silva, indígena que participou do documentário, afirma que a educação formal foi imposta nas aldeias pela sociedade, para tornar os indígenas “gente civilizada”. Porém, ela ressalta que, “a gente vive uma prática de educação muito livre, muito mais abrangente, muito mais gostosa de ser vivida” e que precisa ser conhecida e, acima de tudo, respeitada pelos demais povos. 

“A educação escolar indígena, para mim, não é só aquilo que se aprende dentro de uma sala de aula, mas, sim, tudo aquilo que os nossos pais, os nossos avós, os nossos antepassados nos ensinaram. Tudo o que foi ensinado, do mexer na farinha, na mandioca, de acender o fogo, da caça, de como fazer o artesanato. É a partir disso que nós aprendemos a nossa própria identidade, para nós sabermos quem somos”, afirma a indígena Antonia Haphuna Deni no documentário. 

Entre os demais materiais em processo de produção está um livro, organizado pela professora Marciane Mendes, do Campus Laranjeiras do Sul, a respeito das experiências desenvolvidas. Está previsto, também, um dicionário sobre a cultura Guarani, organizado pela professora Bedati Finokiet, do Campus Cerro Largo. 

A professora Dulce Franceschini, do Campus Chapecó, também tem um material em desenvolvimento. Ela conta que devido a um atraso na liberação de recursos, não foi possível finalizar as atividades em 2024. Ela trabalhou como formadora de 10 professores da etnia Guarani, que atuam nas aldeias de Limeira, na Terra Indígena Xapecó, no município de Ipuaçu (SC), e na escola Fen`no do Toldo Chimbangue, em Chapecó (SC). Dulce comenta que esses dois grupos vivem em aldeias localizadas no interior de terras indígenas do povo Kaingang.

Dulce afirma que está sendo organizado um material monolíngue, em língua Guarani-Mbya, que deverá ser utilizado, principalmente no Ensino Fundamental I, para trabalhar com as crianças Guarani, além da língua indígena, alguns etnoconhecimentos do grupo. “Esse material representa um calendário Guarani com o tempo das atividades do grupo como era antigamente: produtos cultivados, períodos de plantio, relacionado às fases da lua, alimentos, artes (esculturas em madeira e instrumentos musicais)”, explica. Segundo ela, o material está sendo trabalhado pelos professores Guarani e deverá ser finalizado até o fim de junho, a publicação deverá ser feita em agosto de 2025.

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