No mês das mulheres, o Projeto Trajetórias Femininas na UFFS celebra histórias que inspiram e transformam. Nesta edição, destacamos a trajetória de Andreia Florencio Eduardo de Deus, pedagoga, mestre e doutora em Educação e Ciências e Educação Matemática, que, atuando no Campus Realeza e como representante técnica no Conselho Universitário, mostra na prática como a presença feminina ultrapassa os limites das funções tradicionais. Sua jornada evidencia que a educação não só abre portas para o crescimento profissional, mas também impulsiona a luta por representatividade e igualdade de oportunidades. Com uma visão que une a experiência acadêmica e a realidade do cotidiano, Andreia nos convida a refletir sobre o papel decisivo das mulheres na construção de uma universidade mais inclusiva e transformadora.
UFFS: Como você vê o papel das mulheres na universidade?
Andreia: Penso que o papel da mulher na universidade hoje vai além do desempenho de suas atividades, é também de representatividade. Num passado não tão distante às mulheres cabiam as tarefas domésticas exclusivamente, tarefas que elas não deixaram de exercer, mas que hoje dividem também com a carreira profissional. Hoje ocupamos espaço na gestão, na pesquisa, na extensão e nas mais diferentes frentes de trabalho que compõem as estruturas da universidade. Nosso papel é mostrar a outras mulheres que elas podem ser o que elas quiserem ser, e que um caminho para isso é a educação, é a universidade.
UFFS: Como você avalia a importância de, enquanto técnica e mulher, ocupar uma cadeira no pleno do Conselho Universitário da UFFS?
Andreia: O Conselho Universitário é um exemplo do quanto ainda precisamos avançar no que se refere a igualdade de gênero. Um espaço que decide os rumos da universidade e, portanto, a vida de muitas outras mulheres, é composto por uma maioria de homens professores. Neste espaço por vezes ainda somos intimidadas por vozes cujo único argumento implícito é ser homem. Sou técnica-administrativa em educação, sou mestre, sou doutora, estou na UFFS há 14 anos, e ainda assim preciso diariamente provar que sou capaz de fazer o que faço, ou seja, o caminho não é justo para nós mulheres. Por outro lado é preciso que as mulheres também se coloquem para ocupar tais espaços, a história nos conta que estudar não era uma “tarefa” para mulheres, a elas cabia aprender a ser esposa e mãe. Atualmente, no cenário nacional somos 20 reitoras e 36 vice-reitoras, ou seja, pelo menos 20 conselhos universitários são presididos por mulheres. Podemos dizer que temos conquistas importantes, mas temos também muitas batalhas a serem travadas para que possamos chegar a uma sociedade igualitária, e tal responsabilidade também é nossa, portanto, ocupar o espaço do Conselho Universitário é importante também para incentivar outras mulheres, e assim aumentar nossa representatividade, e colaborar para uma universidade justa e realmente não excludente.